Dois

Prosas e Poesias, Cerejas e Mares

José Emilio Pacheco
Crítica da poesia

Eis aqui a chuva igual e as suas ervas daninhas
O sal, o mar desfeito…
Apaga-se o anterior e logo se escreve:
Este mar convexo, os seus enraízados
e migratórios costumes,
já serviu algumas vezes para se fazer mil poemas.
(A cadela infecta, a sarnosa poesia,
variedade risível da neurose,
preço que alguns homens pagam
por não saber viver.
A doce, eterna, luminosa poesia.)

Talvez não seja agora o momento:
a nossa época
deixou-nos a falar sozinhos.

Posted in

Deixe um comentário