Dois

Prosas e Poesias, Cerejas e Mares

rosa

em que ponto deve parar a minha mão, meu amor,

que frases não te posso dizer

quando deslizo sobre ti.

pego na  forma como me olhas

e deito-te, passo a escutar-te.

sou lobo bom e mau e feroz e meigo

sopra um ar quente, meu amor,

sentes?

cresce o respirar, o teu,

o meu. cheira a doce, a canela, a madeira,

pára o mundo, o tempo, a minha mão.

simplesmente só te oiço,

te toco, te vejo

sinto a noite  a voar

e num instante

descubro a India

descubro um continente inteiro para te dar

nesse instante a terra foge

e a minha força é a minha fraqueza

cavaleiro de papel

acabo por  saltar sem saber bem onde vou cair

e deixo tocar a música, tocar a tua boca,

e deixo de me lembrar da minha mão

e passo a ser só a minha mão

e não sei parar.

e acabo por conseguir nascer, crescer e morrer

num instante

num rio de mim próprio que desagua.

agora dou-te a mão, meu amor,

e fugimos ou voltamos?

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