em que ponto deve parar a minha mão, meu amor,
que frases não te posso dizer
quando deslizo sobre ti.
pego na forma como me olhas
e deito-te, passo a escutar-te.
sou lobo bom e mau e feroz e meigo
sopra um ar quente, meu amor,
sentes?
cresce o respirar, o teu,
o meu. cheira a doce, a canela, a madeira,
pára o mundo, o tempo, a minha mão.
simplesmente só te oiço,
te toco, te vejo
sinto a noite a voar
e num instante
descubro a India
descubro um continente inteiro para te dar
nesse instante a terra foge
e a minha força é a minha fraqueza
cavaleiro de papel
acabo por saltar sem saber bem onde vou cair
e deixo tocar a música, tocar a tua boca,
e deixo de me lembrar da minha mão
e passo a ser só a minha mão
e não sei parar.
e acabo por conseguir nascer, crescer e morrer
num instante
num rio de mim próprio que desagua.
agora dou-te a mão, meu amor,
e fugimos ou voltamos?

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