Dois

Prosas e Poesias, Cerejas e Mares

«A Véspera» foi o meu primeiro texto, um conto, que escrevi quando tinha vinte anos e pensava que um dia seria um escritor. Ganhou o 1º prémio de um concurso que o DN publicava semanalmente, às quintas-feiras, e destinado a jovens (suplemento “DN Jovem”) que  queriam mostrar o que andavam a fazer com as palavras. Tratava-se de um conto que descrevia a véspera, a noite anterior, de um jovem adulto, que no dia seguinte iria emigrar, o seu pensamento, as saudades que já sentia da mulher, a esperança… Infelizmente um tema actual. Hoje é dia 14 de Janeiro, véspera do dia 15 de Janeiro. Precisamente por isso o Dois faz votos para que 2015 seja melhor que 2014, ou pelo menos diferente. Não, na quantidade de tempo, que será mais ou menos o mesmo, mas no seu uso. O uso do tempo. Verifico que a gestão que algumas pessoas fazem do seu tempo é uma dificuldade. Há cursos que ajudam a essa gestão, artigos em revistas mais ou menos sérias, professores, que dedicam algum tempo, a ensinar aos seus alunos como devem gerir o seu tempo, pais que se preocupam com o tempo gasto, com e sem os seus filhos. O tempo. O tempo que se demora, que se perde, que se ganha, que se gasta. Ter tempo para mim e para os outros. A noçõ do tempo surge em cada momento, como uma sucessão de momentos que são mais ou menos úteis, mais ou menos felizes, com mais ou menos prazer. Talvez seja pela consciência do passar do tempo, da sua cronologia e da sua finitude, que as religiões existem. Talvez tenham, como  utilidade, ajudar-nos  na tomada de conhecimento da morte, nesse medo ou, pelo menos, nesse marco, na vida de uma pessoa.  Sartre afirmava que o Homem é o único animal que tem consciência da sua morte e consegue viver com isso. Com mais ou menos angústia, digo eu e numerosos filósofos.A angústia da morte, a redenção, outras vidas, eternidades ou nada, a imortalidade, a eternidade,o que está para lá da morte. «O sentido da vida» (um dos filmes da minha vida, que vou rever hoje). É a primeira vez que escrevo directamente no Dois, ou seja, sem antes ter escrito e amadurecido a ideia. Sem antes deixar passar um pouco o tempo e relêr. Ver se ainda faz sentido, se há erros, se alguma modificação pode melhorar o texto, se alguma pesquisa sobre o tema é pertinente, ou se todas as palavras se tornaram banais. Talvez como estas. Talvez devesse ter lido e pesquisado o que se disse sobre o tempo. Os filósofos, os cientistas, os religiosos, os poetas. A psicologia e o seu contributo para entender como a noção do tempo é difernte nas várias fases do crescimento. A imortalidade da juventude e a morte anunciada diariamente aos velhos. Os doentes terminais, os doentes que sabem que  vão morrer. Sempre o tempo e a forma como cada um o encara. O tempo  individual e o tempo do Universo. O Big-Bang. E antes do Big-Bang? Outra vez os cientistas, os filosofos e, porque não, os sociólogos. O passar do tempo é um problema social.

Este é a primeira participação minha no Dois em 2015. Estava a pensar escrever sobre o amor – uma das mais belas formas de passar o tempo. Surgiu-me isto. Espero não ter sido uma perda de tempo.

Também tinha pensado nesta imagem para começar 2015 no Dois

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mas acabei por escolher esta:

OYE Tú me encantas!

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