Dois

Prosas e Poesias, Cerejas e Mares

Ficarias aborrecida se eu me fosse embora? Por uns dias. Para pensar na nossa vida. Estes silêncios todos. As noites. Não quero que fiques triste, mas é tudo tão confuso. As relações. Tenho sempre a sensação que desiludo alguém. Um alguém, sempre.Tenho saudades de me rir. Desajeitei-me da vida. Se ao menos conseguisse contar qualquer coisa. E também o que me faz falta? De que me queixo? Lamúrias que acabam por alastrar incontrolavelmente aos que me são próximos. Queria tanto pedir desculpa por esta inconveniência toda. Telefonei para a minha filha e não lhe disse que me orgulho dela. Nem sequer estou zangado com ela, mas a voz sai-me zangada. Deixei de a controlar. Afinal não é o olhar que não mente, é a voz. Só queria que as coisas ficassem bem. Que andassem apesar de mim. Sem mim. Penso que faço um projecto e tudo não passa de um conjunto desordenado de coisas que ando a adiar. Cobardolas. Onde ficou a garra? Nunca tiveste? Tens medo? Vê lá se atinas e desaparece daqui. Não ficas aborrecida? Promete que não relacionas a minha tristeza com a desilusão que acho de mim? Se continuar a escrever começo a repetir as frases. As palavras. E isso era a única coisa que não queria. Repetir.

  

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