Dois

Prosas e Poesias, Cerejas e Mares

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  • Sei que a manhã de frio vai nascer, salvar, Um dia que desafia querer ser o primeiro. Mas não são sequer de fins de tarde que falamos. Sabemos, os dois,  que se fosse uma pintura Não passaria de uma tatuagem Numa pele tão fina. Como seda trazida dum oriente escondido. Aproximo os meus olhos de…

  • Obrigado por tudo. E as palavras, sem ruído algum, voam como pássaros a caminho de uma tarde de sábado, de qualquer sítio onde poisar. Ficam imóveis para não assustarem o que fica para lá do nevoeiro. Um arcanjo que é conhecido de todos e ninguém consegue descrever. Obrigado por tudo. A forma mais elegante e…

  • Internem-me num hospício. Esgotei o ser que já fui. Não aguento mais a solidão. Preciso pensar e nem isso consigo. Soltam-se línguas, demónios que vêm de longe e até os mortos que amo me parecem atores de um filme que repete, consecutivamente, as mesmas imagens burlescas. Paula Rêgo joga um dominó com as minhas costelas…

  • Trago dentro do meu coração,Como num cofre que se não pode fechar de cheio,Todos os lugares onde estive,Todos os portos a que cheguei,Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,Ou de tombadilhos, sonhando,E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero. Fernando Pessoa, “Livro de Versos”

  • “Eu não tenho nome;Sou como a brisa fresca das montanhas.Não tenho refúgio;Sou como as águas errantes.Não tenho santuário, como os deuses obscuros.Não existo na sombra dos templos profundos…Não tenho livros sagrados.Não estou imbuído de tradições.Não estou no incenso que sobe nos altares,Nem na pompa das cerimónias.Não me encontro em imagens esculpidas,Nem no canto sonoro de…