Dois

Prosas e Poesias, Cerejas e Mares

 Rasgava-me a pele cada vez que faláva-mos. Abriam-se valas entre nós e os corpos tornavam-se imóveis. Silênciosos como lobos. Dos teus olhos saiam rios que me afogavam. E permanecia imóvel. Preferindo a morte a este viver, sem luz, sem desculpas. Ambos sabemos correr na praia. Fugir. Ambos já o fizemos até. Da onda, que envolta em violência, nos embrulha, que nos faz engolir a água salgada.

Passados estes mil anos, trata-me  por meu amor. Seca o meu olhar e diz-me que faz sentido andar, outra vez,  pela praia. Sou outro, meu amor? Ou foste tu que mudaste? Ou não existimos mais e nem sequer praia há?

http://stevemccurry.wordpress.com/2010/09/13/the-power-of-two/

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Uma resposta a “The Power of Two”

  1. Avatar de P.
    P.

    Nunca nada me tocou tanto. A perfeita descrição da dor que mais doeu, da incompreensão perante a confusão total e o inesperado e, até, já ilógico. Incrível, lindo demais. Obrigada pela partilha.

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