Dois

Prosas e Poesias, Cerejas e Mares

Ginástica Feminina

Cai a tarde aqui, meu amor,

e eu reúno os fantasmas que me adormecem.

Junto os dragões de lantejoulas

com os cavaleiros errantes,

Pássaros feios de bico comprido

Infinitas mentiras e verdades.

Feiticeiros de papel, de capa e espada,

Livros velhos

E eu em menino.

Olhos redondos, eu redondo, tudo redondo.

Junto a minha alma penada,

Junto os rebanhos,

as ilusões inúteis.

As miragens de cobardes, os medos, as visões.

Música deste e de outo tempo.

Queres que te diga quanto tempo

Vai demorar este entardecer?

Quanto tempo demoro eu

a despir-me e a lançar-me

para esse mar de água benta.

Se quisesses nascia em cada neblina,

em cada entardecer.

Arrisco tudo para voltar a poisar-me em ti.

Sol que poisa nessa colina esta tarde.

Arrisco a fuga e perco a glória.

Perco a única noite em que não tive medo.

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Uma resposta a “Cai a tarde”

  1. Avatar de S.
    S.

    Ainda que com ínfimas palavras, escrevo sobre o que sinto, fruto do que vivi. Desejaria agora que este poeta fosse muito diferente de mim. Que escreva também sobre o que a imaginação lhe mostra, fruto do que nunca viveu, fruto do que nunca sentiu.

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